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Em razão dos estudos que tenho feito a respeito do xamanismo e também do Sagrado Feminino, tenho me dedicado neste momento a fazer leituras relacionadas às Madonas Negras. As estatuas femininas de rostos negros são representadas na Igreja Católica por diversas santas, como Nossa Senhora de Guadalupe, Virgem de Copacabana, Nossa Senhora Aparecida, dentre muitas outras. Seu culto é antigo, e no Cristianismo, ficou mais evidente no período das Cruzadas, época em que a Igreja Católica da Europa realizou expedições para reconquistar Jerusalém (entre os séculos XI e XII). Neste período, as estatuas de mulheres negras encontradas nas expedições começaram a ser popularizadas na Europa.
No entanto, não gostaria aqui a
me deter a fatos históricos. Na verdade, o que achei muito curioso durante os
estudos, foi o fato dessas Virgens Negras terem uma ligação profunda com a Mãe
Terra. Seus atributos estão intimamente
relacionados com os da Grande Mãe, cultuada em períodos muito anteriores ao
Cristianismo.
Assim como a Grande Mãe, Elas
representam a Terra, o colo e o ventre escuro da mãe, que acolhe seus filhos
com amor. São elas que nos socorrem nos momentos de angústia e aflição,
oferecendo Sua proteção e segurança.
Representam a criatividade, a cura, proteção, fertilidade e compaixão, assim como as Deusas
Ísis, Oxum, Deméter, Kuan Yin, dentre outras.
A sensação que tenho é que de
fato, a nossa Grande Mãe está sempre presente entre nós. Ela sobrevive, mesmo
dentro de um contexto cultural, social e religioso patriarcal. A nossa Mãe continua
sempre pronta para nos socorrer. Ao mesmo tempo, me entristece perceber que Ela teve um papel reduzido perante o Deus masculino. Mas ela sobrevive, e
sinto que cada vez que a cultuamos, estamos trabalhando para o Seu resgate,
estamos em busca de encontrar o equilíbrio neste mundo, o
casamento sagrado entre o masculino e feminino. Sim, a Madona Negra é uma face
da Mãe, e eu a honro!
