Nestes últimos dias eu estive muito calada, pensativa,
reflexiva. Estive pensando principalmente nas minhas limitações. Algumas delas
são limitações que envolvem tanto a nós, mulheres, como também ao universo
masculino. Mas a limitação sobre a qual gostaria de compartilhar hoje aqui,
envolve especialmente a nós, mulheres. E no caso, estou falando a respeito de
conflitos entre nós, mulheres.
Acredito que todas nós já ouvimos aquela velha história de
que nós somos invejosas, competitivas, traiçoeiras entre nós. Na verdade, a
maioria de nós já vivenciou algum tipo de conflito neste sentido, não é mesmo?
Eu já vivi, e não foi só uma vez. Talvez possa viver muitas outras vezes. E
como uma mulher que tem uma preocupação, um compromisso de ajudar a fortalecer
o vínculo entre nós e que tem uma preocupação em colocar questões para promover
a cura entre nós, gostaria de fazer uma “provocação”, para que pudéssemos
refletir antes de continuarmos cultivando qualquer sentimento que não seja
legal entre nós. E digo do fundo do meu coração, eu estou aqui assumindo que
para mim é um grande desafio deixar alguns sentimentos irem, perdoar, curar
feridas que surgiram por conta de conflitos com outra(s) mulher(es). É claro
que é lindo dizer que precisamos nos abraçar, nos curar, como sempre dizemos
aqui. Mas acho também que é NECESSÁRIO vivenciarmos em nós essa cura.
Pensando em todos os conflitos que já vivi em relação a
outras mulheres, e observando os conflitos que mulheres próximas a mim já
viveram, começo a pensar na sociedade patriarcal em que vivemos. Este sistema
patriarcal por si só incentiva a disputa, a competição. Aqui nesse mundo, só é
valorizado quem recebe o melhor salário, quem ocupa os melhores cargos, quem
estudou mais. Somos bombardeadas por propagandas, matérias de revista,
programas de TV que dizem que somente as mulheres com o padrão de beleza “x”
são as atraentes, bonitas e sexys. E como resultado disso, o que vejo agora são
mulheres que desde muito jovens têm a sua autoestima abalada. Seja por não
terem a qualificação profissional e financeira “satisfatórias” para este
sistema capitalista, seja por não estarem de acordo com o padrão de beleza
imposto por esta sociedade. É óbvio que com essas cobranças vindas de tudo
quanto é lado há uma grande tendência de crescermos com a auto confiança, com
uma imagem sobre nós mesmas fragilizadas. Temos que atingir padrões que são
inatingíveis, é isso, simplesmente.
Outra coisa que desde criança nós crescemos ouvindo, é que
temos que ter um homem, um companheiro para nos amar e nos proteger. Vivemos
nossa vida inteira dependendo do amor e da aceitação de um parceiro para sermos
felizes. E claro, como já foi dito no parágrafo anterior: temos que ser lindas,
inteligentes e bem sucedidas para que nossos companheiros nos amem e nos
desejem. Puxa, será que nosso amor próprio não basta? Sim, é muito bom quando
encontramos alguém com quem a gente possa compartilhar a nossa vida, alguém que
nos ame e que também possamos amar. Mas o que eu vejo muitas vezes são mulheres
que se envolvem em relações complicadas porque disseram a elas precisam ter
alguém para serem “completas”. O que eu vejo são mulheres disputando homens
entre si, porque disseram que elas precisam ter um companheiro. O que eu vejo
são mulheres que anulam suas vidas por um “amor”.
Disseram que é feio expressarmos nossas mágoas, nossos
medos, nossas raivas e nossas frustrações. Como resultado disso, não sabemos lidar
com esses sentimentos, o que acaba refletindo nas nossas relações, seja com
colegas, amigas, familiares e mulheres conhecidas.
Confesso que tudo o que foi colocado aqui é algo que eu
também tenho dificuldade em lidar. Mas ao mesmo tempo, estou procurando abrir
minha mente, meu coração e meu espírito para curar minhas feridas, e para
contribuir para a cura de feridas das minhas companheiras de jornada. Refletir
sobre isso já é um grande passo, eu penso assim.
Mônica Azevedo
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