terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A Mulher Ideal

Não...
Definitivamente, nunca fui.

Também nunca fui a filha ideal, tive meu filho aos 17 anos, de um porra louca com a cara do River Phoenix.

Também nunca fui a amiga ideal, retorno as ligações das pessoas que mais amo, semanas depois.

Nunca fui a adolescente ideal, a Legião Urbana estava muito longe de ser a minha banda predileta.

Como cidadã, não posso dizer que sou ideal... jamais acreditei que oLula pudesse mudar o Brasil.

A mãe ideal?

Não, também não sou... avental sujo de ovo? Deuses!

Acabei de me dar conta daquilo que menos sou: a mulher ideal.

Céus, que ser é esse?

Quando ouvi de sua ex - ser dotado de estranha submissão, chacota deLilith, a Eva sem Adão- que eu não sou a mulher ideal para você, fiquei feliz.

Talvez isso me deixasse chateada tempos atrás...

Hoje me orgulho.

Amanhã talvez não.

Quem vai saber?

Não sou o tipo de nora que sua mãe adoraria ter.

Eu odeio tricot e faço ela se lembrar, com o gosto amargo, daquilo que ela deveria ter sido se deixasse de pensar como o seu pai queria.

Também nunca serei a namorada ideal para você.

Eu falo alto, eu sou um imenso sorriso e muitas bofetadas.

Além do mais, eu fumo, eu bebo, odeio novelas, gosto, e muitas vezes preciso, estar sozinha entre meus livros e músicas...

Sou mãe, filha e caçadora.

Jamais dependerei da sua aprovação, da sua voz, do seu dedo indicando o que fazer...

Sou tudo aquilo que você mais teme, meu amor... a devassa, a bruxa, a mulher, a Deusa...

Sou aquilo que muitas sempre desejaram ser e nunca tiveram coragem.

Sou feliz assim.

Sou feliz por ser assim, embora seja um tanto solitário esse caminho.

Cada um tem o que merece, o que planta e colhe...

Frases feitas...

No fundo a verdade é esta: Aquele que vencer o desequilíbrio e o medo, poderá me possuir, e eu também poderei possuí-lo.

Aquela que tiver a coragem de ser quem se é, será minha igual e nos admiraremos mutuamente.

Poucas pessoas corajosas encontrei na minha, ainda curta, jornada, e as maiores, posso dizer com firmeza, foram as que ousaram SER.

Claro, tem que observar bem porque quem É, simplesmente É, sem precisar contar seus títulos.

Para muitos tudo isso é ser diferente, estranho...

Para alguns, ser normal é ser o que se é (e não é?), simplesmente viver intensamente a liberdade ofertada.

Todos podem escolher por qual trilha seguir.

O que é ser normal para a sociedade?

Ideal para os padrões?

Palavras chatas e mornas, são bocejos...

Normal como a tarde de um desempregado.

Ideal como uma diarréia no baile de formatura.

Que os Deuses jamais permitam que eu seja normal-ideal!


Bênçãos,

Lua Serena

Imagem: "A Woman in the Sun". Edward Hopper. 1961. Whitney Museum of American Art, New York.

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