terça-feira, 2 de outubro de 2012

De Volta ao Lar


Nós, do Universo EcoFeminino estamos lendo mais uma vez o livro “Mulheres que Correm com os Lobos”. Eu vejo essa obra maravilhosa de Clarissa Pinkola Estés como algo que devemos carregar por toda a vida. Em algum momento de nossas vidas iremos nos identificar com algum dos contos. Se no momento um deles não tem muito a nos dizer, podemos estar certas de que numa próxima fase de nossa vida ele nos tocará, e nos ensinará lindas lições.

Estamos relendo agora o capítulo 9 – A Volta ao Lar: O Retorno ao Próprio Self. É um capítulo que me marcou muito. Então, quero compartilhar aqui uma situação que vivi quando li este capítulo pela primeira vez, há 5 anos. Eu estava passando por um momento complicado, tinha acabado um namoro há pouco tempo e estava vivendo um problema muito sério na família. Estava muito longe de mim mesma, anulando a minha vida em função do outro.

Nessa época, em um domingo, tive uma apresentação de dança do ventre na escola onde eu fazia aula. Era uma das poucas coisas boas que estava fazendo por mim mesma. Naquele dia, estava esgotada por conta dos problemas que mencionei acima, mas estava a caminho do evento. Um pouco antes de chegar ao local da apresentação, recebi pelo celular uma mensagem de uma amiga, dizendo que havia acontecido um imprevisto com seu pai e por isso não poderia me ver dançar. Eu, que estava já muito triste por conta do momento difícil, fiquei ainda mais fragilizada com a mensagem que tinha acabado de receber.  E não tive como segurar, tive uma crise de choro ali mesmo no ônibus, na companhia da minha mãe. Não tinha como voltar atrás, não podia desistir do compromisso e cheguei ao local ainda muito triste e chorando. Estava decidida a fazer somente a apresentação em grupo e não iria de maneira alguma fazer uma apresentação solo que havia me comprometido.  Assim que cheguei ao vestiário, tinha uma moça, uma bailarina que nunca havia visto antes, que me acolheu e conversou muito comigo. Lembro que ela fez minha maquiagem, que ficou linda, e conseguiu me convencer a fazer as duas apresentações. E aí está a foto da minha apresentação solo. Dá pra acreditar que poucos instantes antes eu havia vivido todo o drama que contei agora?

E vocês que estão lendo este post, devem estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com o livro. Na verdade, tem tudo a ver, pois quando pisei no palco e a música começou a tocar, senti que todas as preocupações tinham se acabado. Aproveitei cada momento, eu voltei para o meu espaço sagrado, para a fonte da minha vida. Aqueles momentos foram essenciais para o meu descanso, para eu retornar mais fortalecida para o mundo real, e assim enfrentar com mais sabedoria e inspiração aqueles momentos difíceis.

Na época, guardei comigo este trecho do livro, que definia exatamente aqueles minutos que vivi:

 "O lar é a pura vida instintiva que funciona tão bem quanto uma engrenagem bem azeitada, onde tudo é como deveria ser, onde todos os ruídos parecem certos, a luz é boa e os cheiros nos acalmam em vez de nos deixarem alarmadas. Não é importante como passamos o tempo nesse retorno. O que é essencial é qualquer coisa que propicie esse equilíbrio. O lar é isso”.

Cinco anos se passaram e a dança continua sendo o caminho de volta ao meu lar. Na última aula que tive na semana passada eu estava um pouco chateada (nada que tivesse a dimensão de antes, Graças à Deusa) e mais uma vez tive a sensação de ter recuperado minhas forças através da dança. A dança me fortalece, me abençoa e me cura.

Desejo que todas possam encontrar o caminho de volta aos seus lares.
Mônica Azevedo

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