segunda-feira, 6 de maio de 2013

A Sacralidade dos Ciclos Femininos

Em um mundo onde o tempo é visto de maneira linear e as relações são estabelecidas de forma hierárquica, muitas de nós não consegue perceber a ciclicidade existente em nosso universo.
Perdemos a conexão com os ciclos da natureza e com o que isso representa para nós. As estações do ano, as fases da lua e das nossas vidas percorrem sem que prestemos atenção em como elas podem nos influenciar. É assim que tudo foi estruturado nas nossas relações sociais e culturais. E a maioria de nós não questiona o contrário já que essa visão de mundo foi imposta a nós durante muitas gerações.
A intenção do projeto Universo EcoFeminino, a partir de hoje, é de propor que possamos iniciar uma reflexão a respeito do contexto imposto, identificando os impactos que as mulheres sofrem por conta desta realidade. Por fim, esperamos que, a partir desta reflexão, os leitores e leitoras possam iniciar um processo de  enxergar os ciclos femininos a partir de uma nova perspectiva, podendo então sacralizá-los. Publicaremos alguns textos e acreditamos que eles irão contribuir para este processo. A data de hoje, é um momento muito especial para que voltemos a atenção para este assunto, já que é dia de celebrar a Segunda Vermelha. A Campanha Segunda Vermelha é um movimento mundial, que tem como proposta principal o resgate da valorização da menstruação.  Acontece todos os anos, na segunda-feira anterior ao Dia das Mães. Neste dia, mulheres celebram a menstruação, reunidas em grupo ou mesmo a sós. Esperamos que todas possam dedicar alguns instantes do dia para olhar com mais amorosidade os seus ciclos femininos!
A Relação entre os Ciclos Internos e Externos

 "Vocês devem ter notado que tudo o que o índio faz se movimenta ou tem a forma de círculo. Isto é porque o poder do mundo trabalha sempre de forma circular e tudo tenta ter a perfeição de um círculo. O Céu é redondo e a Terra também, bem como as estrelas. O vento rodopia e os pássaros constroem seus ninhos de forma circular, pois as leis deles são iguais às nossas. Até mesmo as estações seguem uma roda nas suas mudanças, voltando sempre ao ponto de partida. A vida do homem é um círculo, de uma infância à outra. E assim é em tudo aonde o poder se movimenta.”
(Alce Negro, sábio Ogala Sioux, Guardião do Cachimbo Sagrado)
Se pararmos por alguns instantes para observar, notaremos que todo o universo que nos envolve é cíclico. Os povos mais antigos tinham uma profunda conexão com os ciclos da natureza e com os ciclos lunares. Eles observavam o mundo a sua volta, e a partir disto, encontravam respostas para o melhor caminho a seguir em relação a eles e ao grupo que pertenciam. Encontravam respostas em relação a si próprios, às fases de suas vidas, aos seus corpos. Podemos notar isso em nosso mundo interior, e no exterior também. Ainda hoje, as coisas permanecem assim. O que na verdade acontece é que nós nos afastamos da natureza. Mas a natureza permanece aqui, esperando que a gente volte a nossa atenção a ela.  As estações do ano nos alerta sobre qual o melhor momento para nos recolher, para que possamos  nos conhecer, para semear nossos projetos e os nutrir, para a colheita e para mostrarmos nossa beleza. A noite nos oferece a oportunidade de entrarmos em contato com o nosso inconsciente, por meio dos sonhos. Durante o dia, podemos por em prática nossos objetivos. As fases da lua, especialmente, estão intimamente ligadas à mulher e aos ciclos femininos, como segue abaixo:
- Lua Crescente: representa a pré-ovulação, o momento em que os óvulos são liberados dos ovários para serem encaminhados às trompas. Nós podemos aproveitar este momento para desenvolver nossos dons criativos. Esta fase da lua está relacionada ao aspecto jovem da Deusa. Ela é uma donzela que está descobrindo o mundo, está descobrindo seu corpo, sua sexualidade e plantando as sementes de seus sonhos. Ela pode nos abençoar nos momentos em que estamos iniciando.
- Lua Cheia:  representa o ápice da ovulação. Quando os óvulos, maduros, são liberados das trompas, para que sejam fertilizados, caso haja contato com espermatozoides. Momento de nutrir, cultivar os nossos projetos. Esta fase da lua está associada à Deusa Mãe. Ela é a mãe que nos nutre, que nos abençoa, fortalecendo nossos projetos. Seu brilho ilumina e guia nossos caminhos. É Ela que também nos acolhe e nos conforta em Seu colo nos momentos de dificuldades.
- Lua Minguante: descer do sangue quando o óvulo não é fecundado. Os mistérios do sangue podem representar magia, assim como podem representar morte. Momento de introspecção, de recolhimento, de banimento em relação a tudo que não nos serve mais. Momento de autoconhecimento, para preparação para o novo ciclo. Esta fase é relacionada ao aspecto escuro da Deusa. É a Deusa em sua face de anciã a portadora dos mistérios da morte, a ceifadora que nos abençoa para destruição de tudo o que precisa ser finalizado, para que um novo ciclo possa começar. A face anciã da Deusa muitas vezes é temida e vista de maneira equivocada. No entanto, a Deusa em sua face negra é extremamente curadora, e assim promove a possibilidade de uma nova vida.
Certamente, muitas mulheres não têm os seus ciclos perfeitamente sintonizados com as fases da lua como foi colocado aqui, o que não significa que seja um problema. Ainda assim, acredito que vale a pena buscarmos esta conexão, buscando um contato e um vínculo principalmente com as faces da Deusa.
A presença da Deusa, do principio feminino é um outro aspecto da natureza que foi esquecido (em maio de 2012 publicamos uma postagem abordando este assunto), e publicaremos em breve um texto abordando como este processo também nos afeta nos dias de hoje.

Até breve!

Mônica.

3 comentários:

Green Womyn disse...

Que lindo texto, Mô! Ficou ótimo...

Sou feliz por ter celebrado a Segunda Vermelha com você e com as meninas!

<3

Ana K. disse...

Eu também amei!!! :)

Mônica Azevedo disse...

Gratidão, meninas!! Também estou feliz por compartilhar tantos momentos de celebração com vocês...beijos!!

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