quarta-feira, 6 de junho de 2012

O Feminino e O Masculino no Cristianismo


Tendo em vista que vivemos em uma sociedade em que as crenças baseadas no cristianismo estão muito presentes, entendemos que é importante uma reflexão a respeito da posição da mulher dentro deste contexto. Acreditamos que o fato de vivermos em uma realidade essencialmente cristã interfere nas nossas relações e como consequência disto, também interfere nas referências que temos a respeito do masculino e feminino.
Queremos esclarecer, também, que não temos como objetivo fazer críticas em relação à figura de Jesus Cristo, e tampouco queremos desrespeitar as religiões cristãs e seus fiéis. No entanto, entendemos e acreditamos que os valores cristãos interferem na visão a respeito do feminino e masculino em nossa sociedade. Apontar essas questões para nós é fundamental, para que assim possamos refletir sobre a importância de resgatar a espiritualidade feminina para aqueles que nela acreditam. Tentaremos fazer colocações da maneira mais imparcial possível, embora acreditemos que alguns valores apontados contribuam para a consolidação do patriarcado.
Conforme já citado no texto anterior, a primeira figura feminina a aparecer na mitologia judaico- cristã foi Lilith, que foi considerada a primeira companheira de Adão. No entanto, Lilith foi associada a demônios e expulsa do paraíso por recusar se submeter a Adão. Lilith foi retirada da versão da Bíblia que conhecemos, sendo que aparece uma segunda figura como companheira de Adão, Eva. No entanto, pelo fato de Eva desobedecer a Deus ao comer o fruto proibido, que representa o conhecimento, ela e Adão foram expulsos do paraíso. E por buscar ter acesso ao conhecimento a respeito do mundo Eva foi acusada de ser a responsável por todos os males da humanidade.
Ainda sobre o mito de criação existente na Bíblia, podemos observar relatos de que o primeiro homem, Adão, foi feito a imagem e semelhança de Deus, um Deus masculino. Quanto a Eva, a mesma foi criada a partir da costela de Adão. Então, por este motivo deveria ser submissa a ele, de acordo com a visão patriarcal. Entendemos que essas afirmações, incluindo as apontadas no parágrafo acima, refletem intimamente no modelo de sociedade em que estamos inseridos.
Continuando nossas reflexões e questionamentos, durante a vida de Jesus Cristo encontramos outras figuras femininas que entendemos serem fundamentais em sua trajetória: Maria Madalena, e sua mãe, Maria.
Em relação à Maria Madalena, observamos diversos relatos de que ela foi a companheira de Jesus Cristo, dando continuidade ao seu legado, após a morte do mesmo. No entanto, a versão que mais foi difundida é a de que ela era uma prostituta arrependida pelos seus pecados, e assim passou a seguir os ensinamentos de Cristo.
Sobre Maria, mãe de Jesus, temos uma figura livre de pecados que o concebeu mesmo sendo virgem. No catolicismo, principalmente, o culto a Maria é muito evidente, conforme nós observamos inclusive em nosso país.
Não temos como objetivo descrever com detalhes a respeito das figuras femininas no Cristianismo. No entanto, notamos que no caso de Eva e Maria Madalena, elas são associadas ao pecado, enquanto que Maria, a virgem, é cultuada e deve ser o modelo a ser alcançado. E assim, esses valores são projetados no contexto em que estamos, reafirmando a prevalência de uma sociedade patriarcal, em que o Deus é do sexo masculino, e o feminino só é sagrado quando se preserva sexualmente.
Diante disto, colocamos aqui as seguintes questões: se existe um criador masculino, não seria coerente que houvesse uma fonte criadora do sexo feminino? Por que a mulher deve submeter ao homem? Uma mulher só pode ser considerada sagrada quando se preserva sexualmente ?
Deixamos aqui estes questionamentos com a intenção de contribuir para que cada um de nós reflita a respeito do masculino e feminino no mundo em que vivemos. E mais que uma reflexão, esperamos também que a partir dela possamos continuar buscando respeito e igualdade em relação ao sagrado feminino e masculino.

2 comentários:

Ana K. disse...

A criação é feminina, vem de uma fêmea. O masculino lança a semente e expande território.
Pra mim, só de colocar um macho (homem) como criador já é algo que vai "contra" a vida em si.

Mônica Azevedo disse...

Sim, eu me questiono sobre isso o tempo todo...beijos!

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